
Exibição: Gauguin
Data: 11 de Outubro de 2017 a 22 de Janeiro de 2018
Local: AU GRAND PALAIS A PARIS
GAUGUIN
8 de Maio de 1903, depois de ter perdido uma batalha fútil e fatalmente esgotante contra autoridades coloniais, ter sido ameaçado com uma multa ruinosa e uma pena de prisão por alegadamente haver instigado os nativos à insurreição e ter caluniado as autoridades, depois de uma semana de intensos e terríveis sofrimentos físicos passados na maior solidão, um artista que se havia dedicado a glorificar a primitiva harmonia da natureza tropical da Oceania e do seu povo, morreu. Existe uma ironia amarga no nome que Gauguin deu à sua casa em Atuona – “Maison du Jouir” (“Casa do Prazer”) – assim como nas palavras que gravou nas suas madeiras – “Soyez amoureuses et vous serez heureuses” (“Apaixonemse e serão felizes”) e “Soyez mystérieuses” (“Sejam misteriosas”).

60 x 50 cm. Ny Carlsberg Glyptotek , Copenhaga.
No seu relatório habitual para Paris, o Bispo escreveu: “O único acontecimento digno de menção por estas partes foi a morte repentina de um indivíduo desprezível de nome Gauguin; um artista reconhecido, mas um inimigo de Deus e de tudo quanto envolva a decência”. Foi apenas vinte anos mais tarde que o nome de Gauguin surgiu na pedra tumular e mesmo essa honra ficou a dever-se a uma circunstância curiosa: a campa de Gauguin foi encontrada por um pintor que fazia parte da Sociedade de Faquires Americanos.

Foi apenas devido à presença de alguns viajantes e colonos, que tinham alguma percepção de arte, e à ambição mal disfarçada de alguns dos seus inimigos recentes que, apesar de todo o seu ódio, não se inibiram minimamente de fazer dinheiro com as suas obras, que parte do legado artístico de Gauguin escapou à destruição. Por exemplo, o polícia de Atuona, que tinha supervisionado pessoalmente a venda e que, com as suas próprias mãos, havia destruído alguns dos quadros do artista, os quais supostamente ofendiam o seu conceito de moral, não se absteve de furtar alguns trabalhos e, mais tarde, após o seu regresso à Europa, abriu uma espécie de Museu Gauguin. Como consequência destes seus actos, não permaneceu no Taiti um único quadro de Gauguin.

1888. Olie op doek, 73 x 92 cm, Art Institute Chicago.
A notícia da morte de Gauguin, que tardara quatro meses a chegar a França, fez brotar um interesse sem precedentes, tanto sobre a sua vida como sobre a sua obra. Tornaram-se realidade as próprias palavras do artista acerca da sua fama póstuma. Partilhou o destino de muitos outros artistas, que se viram reconhecidos somente quando já não podiam desfrutar do sucesso. Daniel de Monfreid previra-o numa sua carta, dirigida a Gauguin alguns meses antes da morte deste: “Se regressar, incorre no risco de prejudicar aquele processo de incubação que se está a formar na apreciação pública dos seus trabalhos.
Neste momento, você é aquele artista lendário, que dos distantes Mares do Sul envia as suas obras perturbadoras e inimitáveis, definitivamente obras de um grande homem, que, tal como se vê, é como se tivesse desaparecido do mundo. Os seus inimigos – e, à semelhança de todos quantos agitaram a mediocridade, você tem muitos inimigos – remetem-se ao silêncio: não ousam atacá-lo, nem sequer conseguem pensar em tal. Você está tão longe! Não deve regressar. Não deve retirar aos seus inimigos o osso que têm na boca. Você já se tornou inatingível como todos os outros a quem a morte premiou; você já pertence à história da arte.

Nesse mesmo ano de 1903, Ambroise Vollard exibiu na sua galeria de Paris cerca de cem pinturas e desenhos de Gauguin, alguns dos quais enviados da Oceania pelo próprio Gauguin, ao passo que outros haviam sido adquiridos por diversos coleccionadores e negociantes de arte. Em 1906, em Paris, foi organizada uma retrospectiva das obras de Gauguin no recentemente inaugurado Salão de Outono. Duzentos e vinte e sete trabalhos (sem atentar aos que não dispunham de número na lista do catálogo) foram exibidos ao público – pintura, arte gráfica, cerâmica e gravação em madeira.

Octave Maus, o maior crítico de arte belga, escreveu nessa ocasião: “Paul Gauguin é um génio da cor, um excelente desenhador, um grande decorador, um pintor versátil e auto-confiante”. Quando se chega à questão de aceitar ou rejeitar o seu credo artístico ou de determinar o seu lugar no campo das artes, os pontos de vista reciprocamente exclusivos e até diversos, expressos por várias gerações de investigadores com gostos estéticos diferentes, são justificados.
Alguns peritos em arte vêem em Gauguin um destruidor do realismo, que denunciou tradições e que abriu caminho para a “arte livre”, seja o Fauvismo, o Expressionismo, o Surrealismo ou o Abstraccionismo. Outros, pelo contrário, têm para si que Gauguin deu continuidade à tradição artística europeia. Alguns dos seus contemporâneos reagiram à sua partida da Europa com desconfiança e suspeição, dado que para esses um verdadeiro artista podia e devia trabalhar apenas na sua terra natal em vez de ir em busca de inspiração numa qualquer cultura estranha e longínqua…
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